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Uma parte de um todo

Estar integrada a um grupo é algo que eu aprecio bastante. Entre piadas internas e situações de irmandade, o que mais gosto nisso tudo é a sensação de ser amada. Só o fato de eu perceber que sou uma parte de um inteiro, de algo bem maior que eu mesma é suficiente para que eu me sinta bem.

Tenho outros exemplos, mas eles não me levarão aonde quero chegar e, apesar de ser uma pessoa de rodeios, não quero fazer um agora.

No dia 24 de julho de 2015, percorri os pouco mais de duzentos e trinta quilômetros que separam Recife e Garanhuns nas três horas aproximadas habituais para os viajantes desse trecho. Meu destino era o famoso festival de inverno que acontece na cidade (que é bastante frio para uma menina do calor). No sábado (dia seguinte) aconteceu o show da Capital Inicial, banda da qual eu gosto, mas nada de mais.

Mas nem o show nem o frio foram os fatores que me levaram a estar lá – mas levaram as quase 75 mil pessoas para a praça Guadalajara apenas no sábado. Nem a família garanhunhense que eu tenho.

Desde que eu tinha dois meses de idade, minha igreja (e eu digo minha estabelecendo uma relação de pertinência mútua: tanto ela me pertence como eu pertenço a ela) vai ao festival de inverno em movimentos de evangelismo. Não vou explicar como funciona um porque provavelmente um dia você terá a chance de conhecer.

O que mais se fala é como os evangelismos são maravilhosos. Como é inspirador ver vidas se transformando na sua frente. Pessoas conhecendo o amor de Deus.

Não aconteceu comigo.

Das poucas pessoas com quem falei, acho que metade delas era cristã e a maior parte da outra metade, crianças.

Mas no domingo de manhã, quando perguntaram às mais ou menos cem (uma aproximação minha que pode não ser tão verdadeira) se alguém tinha alguma coisa para falar sobre o evangelismo do Festival de Inverno eu levantei a mão.

(O que é bem comum, pois não é raro uma pessoa me encontrar falando depois de algo impactante como um acampamento ou Encontro de Jovens ou, agora, evangelismo)

A questão é que eu não vi resultado imediato do evangelismo. Não mesmo. Mas, eu tinha uma resposta no meu coração. Não vi esses resultados porque não eram para ser vistos por mim. Porque eu fiz minha parte (uma pequena parte dela), falando sobre Jesus e sobre o amor que Deus tem por nós. Quem sabe o que Deus vai fazer na vida daquelas pessoas que tiveram, talvez, o primeiro contato em anos com Ele?

O ditado diz que o futuro pertence a Deus, e é verdade. Os resultados não são meus para que eu reivindique-os.

A grande realização que eu tive nessa viagem foi de como tudo isso é grande. Como é grande o poder de Deus. Como algo que deveria ter me deixado triste só fez minha fé crescer. Eu percebi, em Garanhuns, que o que eu fui fazer lá é muito maior que eu, que meus amigos, que minha igreja.

Eu me dei conta de que sou parte de um todo. (Como diz na Bíblia, membro de um corpo).

E foi um dos momentos que eu mais me senti amada.

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Eu não sou poetisa.

Eu não sou poetisa.

Não escrevo bem em versos.

Não me prendo a rimas.

Não ponho as mais bonitas palavras num papel.

Não cativo românticas meninas

Nem sou autora de versos apaixonados que inspiram namorados.

Talvez eu nunca seja capaz de fazer um viajante se sentir em casa

Falando sobre palmeiras e sabiás.

Entretanto, possuo o dom dos poetas.

Tal qual transformação energética, dissabores tornam-se letras.

(Nas quais nenhuma energia é dissipada)

Eu mesma sou a romântica cativada por minhas palavras.

E talvez os namorados não precisem de mais versos apaixonados.

E na minha terra quase não restam palmeiras ou sabiás.