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Idiota, isso que eu sou.

O que custa falar com o menino?

Ele está falando comigo, mas eu faço o quê? O corto. Não deixo o menino falar.

Provavelmente porque eu vou ficar toda vermelha se eu tiver que trocar mais de duas palavras com ele.

Provavelmente porque eu não consigo não gaguejar quando eu estou falando com ele.

Porque eu sou uma idiota.

Mas, verdade seja dita, ele não pode se interessar por mim, de jeito nenhum. Pelo amor de Deus, eu sei o meu lugar. Ele é do tipo que fica com o tipo de meninas que eu abomino e jamais serei. E eu sou o tipo de menina que se apaixona pelo tipo dele.

Mas ele é diferente do “tipo” dele. Deus, ele é inteligente. Ele é completamente inesperado. O tempo todo eu sinto que posso me surpreender ainda mais com ele. Sinto que se eu realmente desse uma chance de nos conhecermos, nós poderíamos ter uma chance.

E agora, eu tenho a impressão de que ele falou alguma coisa.

–Você vai para o cinema? Com a galera?

Balanço a cabeça e digo que não gosto muito do filme.

O que uma mentira. O filme é Lua Nova e eu estou bem na idade de gostar de romancezinhos que daqui a cinco anos eu vou achar completamente idiotas. E é ainda mais uma das coisas que me surpreende nele, não achava que ele fosse de assistir isso.

Então, eu termino de arrumar minhas coisas e saio correndo para ir para a escola.

– Desculpe-me, eu tenho horário.

O que não é mentira. Mas minha aula só começa à uma da tarde e são menos de 11 da manhã.

Sabe o que é verdade? Eu estou fugindo de conversar com ele. Fugindo de uma merda de situação que eu idealizava, mas com a qual eu não sei lidar.

E que daqui a um tempo eu vou me arrepender de não ter ficado e conversado. E de não ter ido ao cinema com ele, quer dizer, com a galera.

E, sim, eu me arrependo.